Dra. Naira Scartezzini Senna esclarece os MITOS e VERDADES sobre o vírus HPV

Vírus é o responsável pelo câncer do colo do útero, terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres no Brasil

O papiloma vírus humano, mais conhecido como HPV, é uma IST, ou seja, vírus de transmissão sexual mais comum no mundo inteiro. Estima-se que 1 em cada 10 pessoas seja portadora deste vírus.

Em 2022, um estudo da Organização Mundial da Saúde, a OMS, afirmou que o HPV atinge um total de 685.400 pessoas no Brasil por ano e que exista uma média de 9 a 10 milhões de infectados pelo HPV.

Por ser uma doença silenciosa, a infecção pode passar despercebida por muito tempo, e até mesmo sem um diagnóstico.

A médica ginecologista e obstetra, Dra. Naira Scartezzini Senna atende muitas pacientes repletas de dúvidas e mitos sobre o tema e afirma que é muito importante desmistificar os tabus que rodeiam o HPV. Então vamos aproveitar para esclarecer algumas dúvidas com ela!

Tratamento

“É preciso ressaltar que o vírus HPV não tem um tratamento específico. Não temos um laser ou remédio capaz de eliminar o vírus, estas técnicas são usadas no combate das lesões que o vírus causa.”.

 As lesões causadas pelo HPV devem sempre ser cuidadas, pois é fundamental que se elimine essas células doentes, seja por meio de cauterização química com ácido, elétrica com bisturi elétrico ou a laser com laser de CO2, ou até mesmo por cirurgia onde é necessário tirar parte do tecido maior. Em qualquer uma dessas opções será eliminada a célula com defeito, explica Dra. Naira.

O laser de CO2 é uma técnica que evapora a água que tem dentro da célula e ao fazer isso ela elimina a célula doente mantendo o tecido saudável ao redor sem grande dano, então o processo cicatricial é mais fácil e ela é mais assertiva na eliminação das células doentes.

“No consultório eu sempre opto pelo uso do laser caso tenha alguma lesão causada pelo HPV, não costumo fazer cauterização química e nem elétrica pelos efeitos colaterais que elas podem trazer. A cauterização química é muito dolorosa, precisa de muitas sessões repetidas e não pode ser usada em toda genitália feminina, só na área externa. Já a cauterização elétrica causa mais danos no tecido saudável ao redor, gera mais dificuldade na cicatrização”, explica a médica.

Dra. Naira ainda acrescenta que além do tratamento de CO2 que pode ser feito no consultório, algumas lesões maiores podem necessitar de tratamento cirurgico, em ambiente hospitalar.

MITOS e VERDADES do HPV

Para facilitar o entendimento, Dra. Naira explicou sobre os principais MITOS e as VERDADES do HIV.

  • O contágio do HPV é somente pelo contato sexual.

MITO. O HPV é um vírus de contaminação por contato, essa contaminação também pode acontecer por outros tipos de contato que não o sexual. Claro que o contato sexual traz um maior tempo de exposição, maior atrito local, que cria portas de entrada desse vírus, e nesse cenário tão favorável você nem precisa de uma fragilidade imunológica para que aconteça a contaminação. Em outros tipos de contato é preciso da presença de portas de entrada, como microfissuras na pele, uma fragilidade imunológica e de um contato com o vírus, que não vive quase nada de tempo fora da célula. Então é muito mais fácil que a contaminação aconteça na relação sexual, mas não é impossível que ela aconteça em outros tipos de contato.  

  • O HPV é silencioso, não apresenta sintomas

VERDADE. O HPV pode evoluir sem nenhuma lesão, que é o que os médicos chamam de HPV latente; Com lesões verrucosas ou condilomatosas (termo médico), que aparecem externa ou internamente na genitália e podem ou não ser notadas; E por fim as lesões celulares, que não são visíveis e que vão ser identificadas no exame Papanicolau ou em uma biópsia na Colposcopia e Vulvoscopia.

  • HPV só atinge mulheres

MITO. Ele atinge mulheres e homes

  • O uso de preservativo durante a relação sexual protege do HPV

O preservativo é o grande aliado na prevenção, ele reduz muito a chance de contaminação, mas não previne 100% a contaminação por HPV.

  • O HPV é a principal causa do câncer de colo de útero

VERDADE. Podemos dizer que o HPV é o único causador de câncer de colo de útero. Por isso a vacina do HPV é tão importante, por ela ser uma vacina que previne o câncer.

  • Não existe cura para o HPV

MITO. Sim existe. Na verdade, o HPV não vive a vida inteira no organismo da paciente. Ele vai ser eliminado pelo sistema imunológico da paciente mas não podemos precisar em quanto tempo isso irá acontecer. Sabemos que no organismo masculino o vírus vai embora mais rápido que no feminino, pois a genitália externa é mais convidativa para o vírus, e no organismo feminino existem estudos que mostram a permanência desse vírus por até 5 anos. Então, não existe um prazo limite traçado.

Lembrando que lesões causadas pelo HPV, não se resolvem sozinhas, apenas com a imunidade, essas precisam de tratamento.

  • Quem não iniciou a vida sexual não pode tomar a vacina para HPV

MITO. Todo mundo pode tomar a vacina para HPV. Quem já teve o vírus, quem nunca teve o vírus, quem já iniciou a vida sexual, quem nunca começou a vida sexual. A única pessoa que não pode tomar vacina para HPV é a grávida, porque não existe estudo que comprove a segurança da vacina na gravidez. De resto, todos, a partir dos 9 anos de idade podem tomar a vacina contra o HPV, meninas e meninos, independente de já ter tido contato com vírus, estar com o vírus ou nunca ter tido contato.

  • Todas as mulheres com HPV terão câncer

MITO. Nem toda a mulher infectada com o vírus HPV terá câncer, mas toda a mulher com câncer de colo de útero tem ou teve HPV em algum momento e não identificou a lesão, o dano que ele causou.

  • Minha parceira/meu parceiro disse que tem HPV, eu também tenho o vírus

MITO. Não necessariamente. Sempre que existe um dos dois com o diagnóstico de HPV o outro deve ser orientado a procurar o urologista ou ginecologista para avaliar se tem o vírus. Como sabemos no organismo masculino o vírus é menos agressivo e dura menos tempo, então é muito comum encontrar um casal em que a mulher tenha o diagnóstico de HPV e o homem não tenha. Não podemos afirmar, mas, muito possivelmente ele teve em algum momento quando entrou em contato com o vírus, mas conseguiu eliminar mais rápido pelo seu próprio sistema imunológico. Então pode haver essa discordância entre os casais e também pela vacina, se o parceiro tem HPV do tipo 16 e a parceira tomou vacina contra o 16 e contra o 18, que pode ser a bivalente e quadrivalente, ela não vai ter porque ela tem imunidade por conta da vacina.

Entrevista de Cris Di Leva com Dra Naira

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